Por Richard Sacks
Você deseja tomar as decisões que são importantes para sua vida, ou quer que outro as tome por você? Os indivíduos devem ter o direito e a responsabilidade por suas decisões.Isso é uma das bases da visão liberal, o direito dos indivíduosà vida, à propriedade e à liberdade. Porém, atualmente, nem sempre temos essa liberdade; cada vez mais, autoridades querem tomar as decisões, alegando que sabem o que é melhor para você.
O século XX pode ser descrito como o século do socialismo, do comunismo e da social-democracia. Tão plena foi a vitória da esquerda que ainda hoje, com todo o fracasso de URSS, Cuba e Venezuela, essas ideias continuam vivas. Se o século passado foi marcado pela ascensão do socialismo, o século XXI será do liberalismo.
Uma das diferenças entre o liberalismo e o socialismo é que uma sociedade socialista não tolera grupos de pessoas praticando sua liberdade, mas uma sociedade liberal pode permitir que as pessoas escolham o socialismo voluntário. Se um grupo de pessoas quiser comprar um terreno e ser seu proprietário em conjunto, estaria livre para fazê-lo. A visão liberal demandaria somente que ninguém fosse coagido a participar ou abrir mão de sua propriedade. Em tal sociedade, o governo toleraria, como Leonard Read apontou, “qualquer coisa pacífica”. Reduzindo e descentralizando radicalmente o governo, respeitando plenamente os direitos de cada indivíduo, podemos criar uma sociedade baseada na liberdade individual e caracterizada por paz, tolerância, prosperidade e responsabilidade.
A população não aguenta mais a repressão e coerção;assim que provarem as possibilidades infinitas da liberdade, eles vão desejar tê-la.
Conforme adentramos nesse século, encontramos possibilidades sem fim. A premissa fundamental de um mundo de mercados globais e novas tecnologias é o liberalismo. Nem o socialismo nem a social-democracia podem produzir a sociedade livre e tecnologicamente avançada que prevemos para o século XXI. Se queremos um mundo dinâmico de prosperidade e oportunidade, terá de ser por meio das ideias liberais. No mundo de hoje, os princípios simples e atemporais da Revolução Americana – liberdade individual, governos limitados e mercados livres –, aliados à comunicação instantânea, a mercados globais e acesso sem precedentes à informação, são ainda mais poderosos do que Jefferson e Madison poderiam ter imaginado. O liberalismo é a base essencial para o futuro.
Richard Sacks, empreendedor e associado do IEE, membro do PENSAR+.
Por Percival Puggina
Estava imaginando o que passou pela cabeça de um cidadão cubano quando tomou conhecimento da lista de convênios que Lula e sua comitiva assinaram com o governo de seu país na recente visita a Havana, espécie de Jerusalém do comunismo decrépito.
Há alguns anos, época em que muito debati com representantes dos partidos de esquerda, em especial membros de um muito ativo movimento de solidariedade a Cuba, ouvi deles que no Brasil existem miseráveis ainda mais miseráveis do que em Cuba. Eu os contestava dizendo que ninguém desconhecia a pobreza existente aqui, mas era preciso observar uma diferença essencial entre a situação nos dois países. Aqui, os pobres convivem com carências alimentares por falta de meios para adquirir alimentos; em Cuba, mesmo que o povo dispusesse dos meios, não teria o que adquirir porque a economia comunista, como se sabe, é improdutiva.
Esse é um dos motivos, dentre muitos outros, para que ninguém caia na balela de que o comunismo é bom para “acabar com a pobreza”. O que aconteceu com o setor açucareiro dá excelente exemplo. No final dos anos 1960, a URSS se dispôs a comprar 13 milhões de toneladas anuais de açúcar cubano, a partir da safra 1969/1970. O país produzia entre três e quatro milhões de toneladas, com tendência decrescente. Muitas atividades da ilha foram suspensas e comunistas do mundo todo foram trabalhar naqueles canaviais. Conseguiram sete milhões de toneladas.
Trinta anos mais tarde, quando fui a Cuba pela segunda vez, a safra 2002/2003 fora tão escassa que Cuba importava açúcar! Depois, a produção andou pela casa dos dois milhões de toneladas e no ano passado bateu em meio milhão. A história do açúcar é a história da balança comercial e do consequente déficit cambial cubano. Daí o pagamento não em dólares, mas em charutos ou “outras moedas” ... Daí também o motivo pelo qual, se você excluir estrangeiros residentes, turistas, membros da elite partidária e militar, a carência é generalizada.
Imagine então um cidadão cubano sendo informado pelos órgãos de divulgação do estado de que seu país firmara acordo com o Brasil sobre trocas de tecnologia e de cooperação técnica em agricultura, pecuária, agroindústria, soberania e segurança alimentar e nutricional, mudas, bioinsumos e fertilizantes, agricultura de conservação, agricultura urbana e periurbana; produtos alimentares prioritários para consumo humano e animal, reprodução de espécies agroalimentares prioritárias; uso eficiente da água, cadastro e gestão da terra e abastecimento agroalimentar. E mais biotecnologia, bioeconomia, biorrefinarias, biofabricação, energias renováveis, ciências agrárias, clima, sustentabilidade, redes de ensino e pesquisa (*).
Não sei se está previsto, mas se em tudo isso e em outros convênios também firmados, não ligados à produção de alimentos, o Brasil enviar cheque, pode escrever aí: vem charuto.
*Condensado de matéria da Agência Brasil – EBC, íntegra em https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-09/brasil-assina-acordos-de-cooperacao-em-varios-setores-com-cuba.