Por João Darzone - Advogado
O termo – inteligentinho-, como refere seu criador, o filósofo Luiz Felipe Pondé, identifica aquele que lê pouco, fala muito e tem muitas opiniões. Quem lê um pouco, arremata Pondé, sabe como é difícil ter opiniões, e, acima de tudo, como é arriscado tê-las. (...)"
Esses tais de -inteligentinhos- como se percebe, estão por todo lugar. Entretanto, sua infestação crônica se dá, principalmente, nos ambientes escolares, universitários e artísticos. Como tal, a “praga de inteligetinhos” infesta a política, a ciência, a mídia, impulsionados e manobrados pelos políticos e grandes corporações que “mamam” nas vultuosas verbas estatais.
Em síntese, o inteligentinho é o resultado da doutrina da Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire e da cultura produzida pelo Teatro do Oprimido de Augusto Goal. O Brasil, além de ter uma educação ruim, culturalmente não é mais uma influência positiva. Augusto Boal está para a produção artística brasileira, o que Paulo Freire está para a educação. Freire e Boal eram amigos, e segundo site oficial de Boal partilhavam de “uma conexão afetiva”. Freire e Boal tinham mesma plataforma de partida para suas técnicas (pedagogia-teatro do oprimido): a influência do pensamento marxista.
Comecemos com a recente notícia de que o Brasil ficou em último lugar no ranking mundial em estudo elaborado pelo IMD World Competitiveness Center que comparou a prosperidade e a competitividade de 64 nações, em uma pesquisa que analisou como está o ambiente econômico e social do país para gerar inovação e se destacar no cenário global.
Toda técnica ou método tem que ser avaliada pelos seus resultados. E este último lugar coloca em julgamento o método Paulo Freire/Augusto Goal pelos péssimos resultados colhidos pelo país nas últimas décadas.
Antes de Paulo Freire a grande influencia na educação era o pensador grego Aristóteles que entrou para a história da filosofia como um mestre na arte do pensamento. Para Aristóteles, a investigação filosófica é acima de tudo uma investigação sobre as causas das coisas, porque, segundo ele: “Nada vem do nada e tudo tem uma finalidade”.
Aristóteles influenciou a história da humanidade ao definir que as quatro causas do resultado que “se colhe” são:
(1) Causa material, corresponde à matéria-prima.
(2) Causa eficiente, corresponde ao agente criador.
(3) Causa formal, corresponde ao formato que algo possui.
(4) Causa final, a finalidade do que foi produzido.
Aristóteles legou a humanidade com a premissa do conhecimento obtido pela observação, método e lógica seguem desde a antiga Grécia como fundamentos indispensáveis da boa ciência. Para pensar - Aristóteles acreditava que educar para a virtude era também um modo de educar para viver bem – e isso queria dizer, entre outras coisas, viver uma vida prazerosa.
Já Freire coloca o papel da educação como um ato político, que liberta os indivíduos por meio da “consciência crítica, transformadora e diferencial, que emerge da educação como uma prática de liberdade”
Freire contrapondo a concepção aristotélica, definiu em sua doutrina que o ponto de partida da educação não deve ser a liberdade individual, mas sim o interesse coletivo. É a partir do interesse coletivo que o comportamento individual se regula.
O Teatro do Oprimido é a face da Pedagogia do Oprimido nas artes. Criado pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal nos anos 1970, o Teatro do Oprimido, usa uma técnica que pretende transformar o espectador, com o recurso da quarta parede, em sujeito atuante, transformador da ação dramática que lhe é apresentada, de forma que ele mesmo, espectador, passe a protagonista e transformador da ação dramática.
Assim como a “pedagogia do oprimido”, o “teatro do oprimido” pretendia ser um instrumento de revolução e Boal afirmava categoricamente que a técnica do teatro oprimido não era uma revolução, mas um ensaio para a revolução, consistindo em “introjetar” ideologia marxista na mente do espectador sem que este percebesse.
Se a “pedagogia do oprimido”, segundo os adeptos da teoria da conspiração, “sequestra” a mente das “crianças”, o “teatro do oprimido”, era a continuidade ao trabalho de Freire, dava a missão à Boal de continuar o “sequestro” das mentes das crianças na sua fase adulta, com a produção dos conteúdos culturais dando a noção de que o “natural” seria um “(...) objeto da reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento necessário na luta por sua libertação” (FREIRE, Paulo Freire. A pedagogia do oprimido. 1987, p. 32).
A produção cultural “oficial” além de agredir os costumes das maiorias dos brasileiros é ruim, chata, enfadonha e de muito mau-gosto, não conseguindo sequer agradar o seu público-alvo, e muito menos criar um mercado de consumo para as produções artísticas financiadas com dinheiro público, pois, além de raramente acessíveis, (mesmo com polpudos subsídios da Lei Rounet) tais produções são caras ao brasileiro médio ou pobre.
Sob esta ótica é fácil entender porque da “choradeira” de parte classe artística e da mídia com a supressão de acessos aos recursos da lei rounet e dos recursos de publicidade feitos pelo governo federal, pois, estas produções são dependentes de dinheiro público, por que quase ninguém gastaria um real para ver “porcaria” e expor a si e sua família a situações desagraváveis (alguém lembra do Queermuseu em Porto Alegre?) e ainda ser rotulado de intolerante pelos cultos inteligentinhos.
Tal “ruindade”, “enfadonhice”, “chatice”, se estende também as produções cinematográficas, novelas, que segundo alguns estudiosos e críticos atribui-se a contaminação ideológica das oficinas universitárias de artistas e jornalistas que geram os profissionais que acabam por preencher as vagas nas emissoras de TV, Rádio, do teatro, seus diretores, produtores e atores, pela aplicação da técnica do Teatro do Oprimido.
Por esta razão quase não existem no Brasil produções artísticas que atendam todos os perfis sociais, culturais ou econômicos, pois, a “pedagogia do oprimido” comandando as bases da educação brasileira, e conjuntamente com o “teatro do oprimido” no controle das produções culturais que consiste basicamente em agredir costumes da grande fatia da população brasileira (católica, conservadora) é que criou-se no Brasil um ambiente hostil à produções culturais/educacionais que desafiassem o “stablishment marxista”, predominante nos ambientes escolares, artísticos e jornalísticos.
E por esta razão, filmes, series e produções estrangeiras são sucessos absolutos no Brasil tanto pelo grau de qualidade dos enredos, como pela capacidade de prender o interesse do telespectador algo que o “teatro do oprimido” pela chatice é incapaz de competir.
E nos últimos 5 anos as plataformas de streaming como Netflix, HBO MAX, Disney +, Youtube, estão aniquilando as TVs brasileiras pela qualidade de conteúdo abriu-se espaço para novos artistas, músicos, e outros educadores com perspectivas diferentes do stablishment marxista, o que deu ao brasileiro a possibilidade da comparabilidade de ideias, algo até então ignorado pelos criadores de conteúdo cujas mentes foram sequestradas pela doutrina de Freire/Boal.
O ambiente hostil criado pela doutrina Freire/Boal, se dá em razão da redução artificial da perspectiva da história e evolução da humanidade, pela tentativa de diminuir o potencial humano de refletir, pois a “prisão” da perspectiva do diminuto campo visual de luta de classes (Marx), que subverteu o pensamento aristotélico entrando em choque com a percepção intuitiva que leva em consideração em sentido amplo de que um bom homem é o homem cultivado, baseando-a em “sua participação na política, sua personalidade moral e sua capacidade criadora”.
Na prática, o que se vê nesta troca do pensamento aristotélico, pelo pensamento de Freire e Boal a serviço da ideologia marxista no ensino e nas artes é a percepção em que as gerações mais velhas têm sobre as mais novas.
A geração com mais de 50 anos, tem o sentimento de que os jovens estão “cada vez mais burros”, e esta premissa não está errada, pois é essa consequência direta da redução do amplo “campo de visão filosófico-cientifico aristotélico”, que foi substituído pelo míope “canto de visão marxista” introjetado por Freire na educação brasileira através da “pedagogia do oprimido”.
Ao reduzir toda a educação e as artes sob o aspecto de lutas de classes, e ainda com o forte aparato estatal do Ministério da Educação e colossais recursos da Lei Rounet, Freire e Boal, produziram tanto nas artes como na educação gerações incapazes de entender a relação causa-e-efeito nos diversos campos científicos existentes (pela falta de introjeção da filosofia das 4 causas de Aristóteles).
Atrofiou-se uma enormidade de talentos pela abreviação que o sistema Freire gera em desenvolvimento das capacidades individuais. A supressão do individual pelo coletivo e do conflito polarizado entre opressor x oprimido, que nada mais é do que um significado muitíssimo reduzido de perspectiva da história humana, mas serve como uma luva para políticos populistas.
O resultado, entretanto, é o que está sendo colhido em 2022. Uma educação ruim, e um acervo cultural digno de ser destinado à lata de lixo, que mais contribui para destruição do que para construção de algo melhor.
Este sentimento de divisão, vem da estratégia marxista/gramsciana de dividir: (rico x pobre), (brancos x negros), (homens x mulheres), (empregador x empregado), (gordo x magro), (homo x hetero), (vegano x carnívoro), etc....etc...
E por causa desta divisão, o país não consegue deslanchar seu desenvolvimento humano e econômico, resultado do direcionamento da política e pela visão estreita e aprisionada dos milhões de brasileiros pelos arquétipos marxistas produzidos pela educação e as artes em uma clara redução da compreensão vida, da política, da ética, da economia, da sociedade.
O PT e a esquerda modernas, surgiram das camadas de classe média catapultadas pelas técnicas de Freire e Goal. E por esta razão tem-se a intuição de que ambientes universitários tem pouca tolerância a pensamentos diferentes, justamente pela geração de educadores que já carregam em seu DNA os dogmas marxistas e pelo de possuir uma visão mais ampla das relações de causa-e-efeito, resultado da supressão da visão ampla aristotélica pela sobreposição do ideário marxista.
Essa supressão da filosofia “aristotélica” feita por Freire e Goal, produziu, ao invés de “soldados da causa marxista”, a atual geração dos chamados “inteligentinhos”. A expressão criada por Luiz Felipe Pondè, foi a forma educada de Pondè nominar os novos ‘idiotas uteis” ou “neo-bocós”. O termo “idiota útil, foi criado por Vladimir Lenin e sintetizava a opinião que nutria pelos ocidentais que viam com bons olhos o avanço da Revolução de 1917. Inventado na União Soviética, esse termo descrevia pessoas que davam apoio a tiranos como Lenin e Stalin, enquanto estes levavam a cabo atrocidades atrás de atrocidades.
E o trágico, é que o inteligentinho é literalmente “cego” na observação de causa-e-efeito (pela concepção aristotélica que toda “ciência” ou “premissa” começa pela observação da realidade e não pelo desejo) e é capaz de defender causas sem entender suas reais consequências, e por essa razão é de fácil de ter a mente sequestrada pelos políticos bandidos de esquerda ou políticos bandidos de direita, pois incapaz de analisar os múltiplos fatores que conduzem a vida humana em seu sentido macro como preconizada pelo pensamento aristotélico.
Pela falta de percepção das relações causa-e-efeito, e manipulados pelas forças politicas oportunistas, os inteligentinhos são incapazes de fazer uma avaliação racional e acabam aderindo contra qualquer ideia que fuja de sua percepção limitada que ao fim e ao cabo é refém do politicamente correto e suas contradições.
Mas, não se preocupe, este tipo é de fácil identificação e geralmente se entrega fácil. Se pronunciar qualquer uma destas expressões ou frases você está diante dele:
“NEGACIONISTA”, “ANTI-VACINA”, “TERRAPLANISTA”, “OLAVISTA”, “RACISTA”, “MACHISTA”, “VIVA O SUS”, “LULA LIVRE”, “BOLSONARISTA”, “SE FERE MINHA EXISTÊNCIA, SEREI RESISTENCIA”, “COMUNISTA ENRUSTIDO”, “ANTI-CIENCIA”, “EGOISTA”, “FAKE NEWS”, “EMPODERAMENTO", “TODES”, “TODX”, “IDEOLOGIA DE GENERO”, “GENOCIDA”, “A CIENCIA DIZ....”, “ACREDITO NA CIENCIA.”, “FIQUE EM CASA”, LOCKDOWN”, “FAZENDO O BEM”, “AQUECIMENTO GLOBAL”, “EXTREMA-ESQUERDA”, “EXTREMA-DIREITA”, “SEGUNDO, A OMS....”, “TEORIAS CONSPIRATÓRIAS”, “NAZISTA”, “ UM MUNDO MELHOR”, “VOCÊ SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO.....”, “A COMUNIDADE CIENTIFICA DISSE.....”, “A CIENCIA APONTA.....”, “APROPRIAÇÃO CULTURAL”, “TRUMPISTA", “OLAVETTE”...
Isto explica o sucesso dos streamings, a chatice das TVs, do teatro brasileiros e produções da lei rounet. Mais: explica por que os inteligentinhos querem censurar você!