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07 out 2004

ESTOU QUASE DENTRO DA LEI


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SAINDO DA CLANDESTINIDADE
Estou quase fora da clandestinidade. Falta ainda a Câmara dos Deputados me transformar definitivamente num ser dentro da lei. Ou uma medida provisória que me dê o devido amparo legal. Explico: como fã ardoroso dos pratos feitos com produtos exclusivamente transgênicos, não vou precisar mais comê-los às escondidas. Adoro feijão com arroz, mas que tenham sido geneticamente e corretamente modificados. O sabor, gente, é outro. E agora, com certeza, as minhas saladas poderão ser, finalmente, regadas com o melhor óleo, desde que também seja uma obra prima da mais digna transgenia. Falta, ainda, o vinho, que espero não demore a chegar à minha adega. Viva a liberdade de consumo. Saúde!
E A VASP?
Depois de tanto sentimentalismo irresponsável em defesa da Varig, onde estão aqueles que deveriam, da mesma maneira defender a Vasp? Se existem gaúchos bobos, poderiam existir paulistas idiotas, não? Pois é, mas em São Paulo, pelo visto, não é bem assim. Se uma empresa insiste em não ter uma boa gestão, não há porque haver defensores. O mercado, através dos consumidores, produz empresas saudáveis pelo bom serviço oferecido. Ou as fecha quando não vê atendidos seus anseios. Isto só não acontece com empresas estatais, pois aí quem paga pelos prejuízos são os contribuintes, nunca os consumidores. Quando uma empresa de aviação tem aeronaves que estão fora do seu tempo útil de vida, você está disposto a viajar nelas? Pronto. É só isso. Não precisa mais nada para que os passageiros condenem a VASP ao fechamento de suas portas. Sem aqueles chiliques que os gaúchos tem quando o assunto é Varig.
ISTO É A SKY?
A partir de outubro, a SKY - operadora de TV por assinatura - está cheia de vantagens para novos assinantes. Entretanto, para os assinantes antigos, não são oferecidas as mesmas vantagens. Ou seja, um desrespeito total aos desavisados e um atestado de burrice para quem continua pagando pelo plano anteriormente escolhido. Em contato com a SKY, os próprios atendentes até sugerem que, por terem os assinantes percebido a posição de idiotas, basta cancelar a assinatura existente e, imediatamente, fazer uma nova em nome da esposa ou filho para gozar das vantagens promocionais. A condição é que o assinante seja novo. Atitudes como essa não nos levam ao capitalismo, mas a mais canalhice empresarial. Gente, o negócio é deixar de ser bobo. Cancelem já suas assinaturas e façam novas. É o que eles querem, não é mesmo?
FALTA CONVICÇÃO - 1
Um partido político, bem conhecido por dizer e fazer muitas besteiras, resolveu utilizar como arma de argumentação para obter mais votos dos eleitores de Porto Alegre, o fato de que o candidato da oposição para o segundo turno teria sido a favor das privatizações no RS. Ora, declarações assim, depois que o povo gaúcho já saboreia com muito gosto os frutos e as vantagens de ter os serviços que antes não eram impossíveis, mostra o atraso e a opção triste que defende o tal partido dos dinossauros. O serviço de telefonia, por ter acabado o monopólio, e hoje sendo administrado por diversas concessionárias, todas da iniciativa privada, virou uma guerra saudável de ofertas que até deixam os consumidores tontos de tantas opções de tecnologia e preço.
FALTA CONVICÇÃO - 2
A distribuição de energia elétrica, além de oportunizar o serviço onde o Estado conseguiu disponibilizar, só deixa de cumprir o seu papel quando a geração e a transmissão impedem, coisas que ainda estão nas mãos do Estado, que é falho e incompetente. O mesmo raciocínio serve para as rodovias, cujos trechos concedidos nem se comparam com os demais que deveriam (mas não são), ter a manutenção feita pelas administrações públicas. A oposição, no entanto, me surpreende quando trata de desconversar. Deveria, com firmeza, mostrar que houve grandes acertos, hoje já constatados, coisa que na época ainda não eram devidamente conhecidos. Mas, ao que parece, estão muito constrangidos.
A PUBLICIDADE OFICIAL
O que vocês estão achando da espetacular despesa com publicidade do governo federal nos últimos três meses? Bonito, não? Melhor, fantástico, não é mesmo? Se nos primeiros oito meses foram gastos R$ 30 milhões em publicidade oficial, só no último trimestre, exata e coincidentemente quando começou a campanha eleitoral, o governo petista gastou R$ 50 milhões para vender o seu peixe e influenciar eleitores. Além de ter engordado o cofre das empresas de comunicação que estavam precisando muito deste dinheiro, garantiu que tais empresas se transformassem em aliados importantes na hora do voto. Esta é a honestidade e a ética sempre defendida? Ou, quem sabe, mudou alguma coisa?
REGULARIDADE EXCESSIVA
As equipes de futebol do Grêmio e do Internacional, de Porto Alegre, estão fazendo uma rara campanha de grande regularidade. Ora perdem, ora perdem novamente. Ambos têm sido fantásticos na obtenção de resultados negativos. Aí está, portanto, uma mostra de que azar é algo que só pode estar perto dos bons, nunca dos ruins. Equipes acostumadas a vencer, quando derrotadas sempre podem debitar o resultado a uma parcela de azar. Já as equipes perdedoras só podem ter direito a alguma sorte, que é explicada por alguma vitória, coisa eventual. Mas aí a sorte só satisfaz caso houver alegria. Como isto estaria atrapalhando a regularidade do derrotado, não será festejada a vitória acidental, pois não gosta de surpresas.
REFERÊNCIA SUICIDA
Dentro do mais puro espírito gaúcho, que detesta que o seu concorrente tenha sucesso e até torce para que nunca chegue lá, o mesmo acontece no meio futebolístico. A referência do Inter é o Grêmio e vice-versa. Como o Grêmio está muito mal, a satisfação dos torcedores do Inter não é ser bom, mas ficar à frente de seu adversário. O inverso, por óbvio, também seria verdadeiro. Ao final do Campeonato Brasileiro, o mais lógico é que ambas as equipes sejam rebaixadas, coisa absolutamente provável, não impossível. E, mesmo assim, os torcedores e as direções dos clubes vão usar o expediente da pontuação. Vão achar que melhor será aquele rebaixado que tiver maior número de pontos. Deu para entender? Aqui no RS é assim.