Por Sérgio Tavares
Em entrevista ao jornalista português Sérgio Tavares, o eurodeputado espanhol Hermann Tertsch, do partido de direita Vox, criticou nesta quarta-feira (10) o atual cenário de medo e censura que paira sobre o Brasil e que foi recentemente denunciado por deputados que foram ao Parlamento Europeu e pelo bilionário Elon Musk.
“Nós estamos alarmados. Estamos alarmados com o que se passa no Brasil, pela forma como estão esmagando os direitos, [pela forma] como [esses direitos] foram reduzindo até já não existir mais a liberdade de expressão”, disse Tertsch.
Tertsch também comentou que os deputados do Parlamento Europeu estão “escandalizados com a cumplicidade que tem o governo Lula" com o que ele chamou de “governo Moraes”, se referindo a Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar disse que se refere assim a Moraes, porque “nós consideramos que o chefe de lá [do Brasil] provavelmente é mais o Moraes do que Lula”.
“O senhor Moraes tirou Lula da cadeia é ele quem está dirigindo os destinos do Brasil, com um Lula que tem que segui-lo, que tem que seguir o seu caminho”, afirmou Tertsch.
“Elon Musk nos disse no outro dia, e provavelmente é verdade, que o verdadeiro presidente [do Brasil] é o juiz Moraes. E ele está levando o país para uma tirania e isso não podemos permitir. Vimos a cumplicidade que houve com Cuba, 65 anos de regime monstruoso que está afundando o que era um país rico na miséria. Vimos a Venezuela se afundar na catástrofe da miséria, na dor do crime e alcançar níveis do Haiti, e agora temos aí o Brasil, que é uma potência e que querem transformar também em um país da miséria, de escravos, de pessoas dependentes, e, acima de tudo, de pessoas com medo. Estamos vendo medo no brasil. E não podemos tolerar isso, porque se houver medo não há liberdade”, acrescentou.
O parlamentar de direita também criticou o que classificou como uma perseguição que está em curso contra opositores no Brasil, contra as opiniões contrárias e contra a imprensa.
“Estamos muito alarmados e vamos tomar uma iniciativa no Parlamento Europeu para denunciar isso. Estaremos realmente ativos e este parlamento vai ter muito mais força depois das eleições europeias, para realmente ser ativo na defesa das liberdades no Brasil e em todos os países que são vítimas do Foro de São Paulo, que é o que está acontecendo agora no Brasil”, disse Tertsch.
O deputado, que recebeu uma camisa da Seleção Brasileira de presente, criticou o fato de parlamentares brasileiros estarem com medo de emitir suas opiniões.
“Quando parlamentares têm medo de emitir suas opiniões, é porque o país já está numa ditadura”, disse ele. (Gazeta do Povo)
Por Percival Puggina
Mas é infâmia de mais!... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares.
Castro Alves, Navio Negreiro
As perguntas que farei perturbam meu sono e são comuns ao cotidiano de milhões de cidadãos brasileiros. Como não ser assim, se a nação se dilacera e degenera, o sectarismo se empodera, a burrice impera, o crime prospera, a política se adultera, a Têmis se torna megera e os omissos somem ou dormem? Só eu acordo nas madrugadas pensando nesses motivos pelos quais 41% dos brasileiros (1), entre os quais 55% dos nossos jovens (2), só não desistem do Brasil por não terem condições financeiras de arrancar as folhas de um passado sem esperança e redigir seu futuro noutro lugar?
Os responsáveis por isso conseguem dormir? A nação se inquieta pela apatia de representantes omissos que tanto lhe custam. Como é insignificante, aliás, a relação custo/benefício, somados o mal que fazem e o bem que deixam de fazer! Como conciliam o sono e a culpa? A que destroços, a cupidez e a conveniência pessoal em condomínio com a injustiça reduziram tais almas? Elas simplesmente somem dos plenários quando, da tribuna, algum de seus pares lhes cobra pela apatia e a destruição das instituições!
No entanto, a realidade que vemos é sinistra. O Estado se agiganta perante a sociedade a que deveria servir. A juventude recebe uma educação de qualidade vexatória, últimos lugares nos rankings internacionais do PISA e da OCDE; a cultura nacional está degradada e o próprio QI dos brasileiros, por falta de estímulos, pode estar em regressão. Há décadas, os discípulos de Paulo Freire controlam e tornam cada vez mais sectária a educação nacional, transformando-a numa fábrica de ignorantes miseráveis, com as bênçãos do Estado. Quem escapa dessa máquina de moer cérebros prospera e vira réu no tribunal da desigualdade!
Resultado: chegamos a setenta e cinco milhões de seres humanos dependendo da assistência social do Estado. Do Estado? Sim, sim, o ente causador de todo esse mal aceita sem qualquer constrangimento posar de benfeitor. A pergunta que poucos fazem é: “Se o culpado não for o Estado, quem haveria de ser?”. Certamente a culpa não pode ser imputada a quem decide investir, correr riscos, gerar empregos, pagar salários e ser extorquido com impostos, taxas, contribuições. Essa pergunta derruba século e meio de mentiras sobre os sucessos do socialismo.
Eu quero o meu país de volta! Eu o vi antes, imperfeito, mas humano. Não era uma Suíça, mas era um país amável. O Brasil tinha boa reputação. Hoje é um país de má fama. Eu o quero moderno, mas com aqueles bens do espírito e naquele ânimo nacional que se comoveu e se moveu solidário quando as águas cobriram o abismo no Rio Grande do Sul. Eu quero de volta a energia inusitada que, durante oito anos, saudoso do “meu Brasil brasileiro, mulato inzoneiro”, me levou para cima dos carros de som a verberar corruptos, defender a liberdade e resistir à perdição de uma nação.
Impossível não evocar os versos finais de Navio Negreiro, esbravejados por Castro Alves, se vejo avançar o poder da Casa Grande, a se refestelar em folguedos e extravagâncias, enquanto garroteia direitos de cidadãos outrora livres.
(1)
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/polarizacao-politica-41-dos-brasileiros-mudariam-de-pais-se-pudessem-diz-quaest/
(2)
https://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2022/08/17/55percent-dos-jovens-brasileiros-deixariam-o-pais-se-pudessem-diz-pesquisa.ghtml