Por Stephen Kanitz, no seu blog:
Todo administrador sabe que 3 poderes autônomos poderão entrar em sérios conflitos, ou querer usurpar os poderes do outro.
E aí alguém acima teria que resolver, que não o Presidente.
Isso está acontecendo há 50 anos, o legislativo quer cargos do executivo, o executivo é que elabora a maioria das leis, e agora o judiciário está assumindo um protagonismo jamais visto.
Para essas horas a Constituição criou o artigo 142, onde as 3 forças armadas assopram um apito e mandam todo mundo que está extrapolando seus poderes de volta para casa.
Se você não concorda com essa interpretação do 142 então sugira como uma situação anti republicana como essa deveria ser resolvida, rapidamente.
Bolsonaro de fato procurou seus amigos no Exército para implorar que interviessem segundo as 4 linhas, que corrigissem e botassem ordem na casa.
Em nenhum momento o artigo 142 afirma as forças armadas devem assumir o poder executivo, como foi no regime militar.
Não existia o 142 na época, e se existisse jamais teriam ficado 20 anos no poder.
A primeira cutucada de Bolsonaro aos militares foi quando o STF apontou falhas na condenação de Lula em primeira instância.
Anulando ao arrepio da lógica, mas não da lei, que essas exatas falhas foram mais do que redimidas na segunda e terceira instância que o condenaram.
A segunda, quando em vez de ser imediatamente julgado como reza a constituição, agora em Brasília, foi se postergando e até hoje ele não foi julgado segundo a raciocínio original.
A terceira foi depois das constantes brigas com Alexandre de Moraes, provavelmente um dos que iriam para casa.
Desta vez os militares aceitaram, não um golpe mas um 142, com uma importante ressalva.
Bolsonaro iria junto para casa.
Certamente porque os militares queriam mostrar imparcialidade, e Bolsonaro estava piorando de fato a situação, e seu vice seria ideal para colocar a casa em ordem novamente.
Aí Bolsonaro nunca mais tratou do assunto.
8 de janeiro não foi nem de perto uma tentativa de tomar o poder.
Muito menos incitado por Bolsonaro que foi para a Flórida por que temia ser preso.
Foi mais um recado às forças armadas de que agora com Bolsonaro fora, eles deveriam fazer o que não fizeram, provavelmente preservando Lula mas não o STF.
Essa é a estória mais coerente que ouvi dessa situação preocupante em que estamos, que só piorará se Bolsonaro e Trump forem presos.
Por Percival Puggina
Mas é infâmia de mais!... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares.
Castro Alves, Navio Negreiro
As perguntas que farei perturbam meu sono e são comuns ao cotidiano de milhões de cidadãos brasileiros. Como não ser assim, se a nação se dilacera e degenera, o sectarismo se empodera, a burrice impera, o crime prospera, a política se adultera, a Têmis se torna megera e os omissos somem ou dormem? Só eu acordo nas madrugadas pensando nesses motivos pelos quais 41% dos brasileiros (1), entre os quais 55% dos nossos jovens (2), só não desistem do Brasil por não terem condições financeiras de arrancar as folhas de um passado sem esperança e redigir seu futuro noutro lugar?
Os responsáveis por isso conseguem dormir? A nação se inquieta pela apatia de representantes omissos que tanto lhe custam. Como é insignificante, aliás, a relação custo/benefício, somados o mal que fazem e o bem que deixam de fazer! Como conciliam o sono e a culpa? A que destroços, a cupidez e a conveniência pessoal em condomínio com a injustiça reduziram tais almas? Elas simplesmente somem dos plenários quando, da tribuna, algum de seus pares lhes cobra pela apatia e a destruição das instituições!
No entanto, a realidade que vemos é sinistra. O Estado se agiganta perante a sociedade a que deveria servir. A juventude recebe uma educação de qualidade vexatória, últimos lugares nos rankings internacionais do PISA e da OCDE; a cultura nacional está degradada e o próprio QI dos brasileiros, por falta de estímulos, pode estar em regressão. Há décadas, os discípulos de Paulo Freire controlam e tornam cada vez mais sectária a educação nacional, transformando-a numa fábrica de ignorantes miseráveis, com as bênçãos do Estado. Quem escapa dessa máquina de moer cérebros prospera e vira réu no tribunal da desigualdade!
Resultado: chegamos a setenta e cinco milhões de seres humanos dependendo da assistência social do Estado. Do Estado? Sim, sim, o ente causador de todo esse mal aceita sem qualquer constrangimento posar de benfeitor. A pergunta que poucos fazem é: “Se o culpado não for o Estado, quem haveria de ser?”. Certamente a culpa não pode ser imputada a quem decide investir, correr riscos, gerar empregos, pagar salários e ser extorquido com impostos, taxas, contribuições. Essa pergunta derruba século e meio de mentiras sobre os sucessos do socialismo.
Eu quero o meu país de volta! Eu o vi antes, imperfeito, mas humano. Não era uma Suíça, mas era um país amável. O Brasil tinha boa reputação. Hoje é um país de má fama. Eu o quero moderno, mas com aqueles bens do espírito e naquele ânimo nacional que se comoveu e se moveu solidário quando as águas cobriram o abismo no Rio Grande do Sul. Eu quero de volta a energia inusitada que, durante oito anos, saudoso do “meu Brasil brasileiro, mulato inzoneiro”, me levou para cima dos carros de som a verberar corruptos, defender a liberdade e resistir à perdição de uma nação.
Impossível não evocar os versos finais de Navio Negreiro, esbravejados por Castro Alves, se vejo avançar o poder da Casa Grande, a se refestelar em folguedos e extravagâncias, enquanto garroteia direitos de cidadãos outrora livres.
(1)
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/polarizacao-politica-41-dos-brasileiros-mudariam-de-pais-se-pudessem-diz-quaest/
(2)
https://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2022/08/17/55percent-dos-jovens-brasileiros-deixariam-o-pais-se-pudessem-diz-pesquisa.ghtml