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16 fev 2009

MARCHA FÚNEBRE NO CARNAVAL DA ECONOMIA


NÚMEROS PREOCUPANTES

Diante de tantos números ruins já revelados por quase todos os países do primeiro mundo, ninguém esperava um crescimento econômico do Japão, no quarto trimestre de 2008. Como a crise está produzindo estragos mundo afora, os indícios eram de que o Japão também não escaparia da lógica de comportamento das mais diversas economias.

12,7% DE QUEDA

Porém, a notícia divulgada hoje, de que a economia japonesa apresentou contração de 12,7% do PIB, em termos anualizados, no último trimestre de 2008, foi uma bomba. Não foi algo semelhante aos demais países do G7, gente. Estamos falando de uma redução de 12,7% no Japão contra 1,5% na Zona do euro.

FORTE RECESSÃO

Foi o pior resultado em 35 anos. Desde a crise do petróleo de 1974. Pelo expressivo percentual da queda entendo que aí não cabe dizer que o Japão está, tecnicamente, em recessão. Está, isto sim, mergulhado em forte recessão.

RODAS DE CONVERSAS

Nas mais diversas rodas de conversas, quando entra a crise como assunto de discussão, chama muito a atenção o sentimento de inconformidade quanto à falta de previsão da catástrofe. Principalmente dos corretores, analistas, operadores de mercado e, aí com mais raiva, das agências de risco.

MAIS CEDO

Têm toda a razão os prejudicados, por não terem sido informados a tempo e, adequadamente, pelas agências de ratting. Embora, qualquer informação antecipada, e mais efetiva, não conseguiria evitar os mesmos estragos. Pelo excesso de liquidez e crédito, o que poderia acontecer era uma deflagração mais cedo do problema.

REFORMAS

Se por um lado os revoltados se manifestam por falta de um aviso prévio sobre a crise, por outro lado, uma vez que ela aí está, os insatisfeitos têm uma grande oportunidade de recuperação das suas perdas: todos estão sendo pra lá de informados e avisados, em voz bem alta, de que o Brasil precisa adotar medidas efetivas para enfrentar a turbulência. Ou seja: fazer as reformas.

ESPÍRITO COLONIALISTA

A única maneira que dispomos, de modo próprio, para enfrentar esta e as outras crises que ainda vem por aí é consertar o que está errado no país. Temos uma enorme oportunidade de começar por aquilo que mais impede a falta de competitividade dos nossos produtos manufaturados (leis trabalhistas, fiscal, tributária, previdenciária, etc...).Ficar só na dependência das nossas commodities, onde a mão de obra empregada é reduzida significa manter o velho e atrasado espírito colonialista.

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12 fev 2009

EFEITOS COLATERAIS


MENTES AFETADAS

Tenho a impressão de que a atual crise econômica global não está afetando somente o bolso e o emprego dos mais atingidos. Muitas mentes já identificam sinais de graves perturbações, pelas manifestações de falta de compreensão sobre os motivos que nos levaram a atual situação.

RECUPERAÇÃO LENTA

Uma delas, que parece não ter sido bem entendida por este mundo afora, é que não há a mínima possibilidade das economias voltarem a apresentar, rapidamente, o desempenho vigoroso mostrado antes da chegada desta crise global.

CRÉDITO

Para que isso voltasse a acontecer seriam necessárias outras medidas irresponsáveis que pudessem produzir uma nova bolha, com igual tamanho e força daquela que provocou a atual crise global. Como o crédito, daqui para frente, deverá ser concedido sob regras mais rígidas e cuidados melhor estudados, além de seletivo terá prazos mais reduzidos.

LONGE DAS BOLHAS

Como nem o mercado nem os bancos vão querer ouvir falar de bolhas por um bom tempo, as economias deverão apresentar comportamentos mais comedidos. Isto não significa que as economias vão deixar de crescer. Mas, por algum tempo, até que os mercados voltem a operar com mais fluidez, e a confiança recuperada, o crescimento não será acelerado.

PROTECIONISMO

O mais preocupante é que um perigoso ingrediente está sendo colocado em prática por diversos países: o protecionismo. Esta prática nefasta, lamentavelmente, vai dificultar ainda mais o retorno do crescimento sustentado da economia global.

TIRO NO PÉ

Imaginando que o protecionismo tem o poder de salvar empregos, o que não passa de um tiro de canhão no pé, o fato é que tal pensamento e procedimento já domina as mentes de muitos agentes internacionais.

PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Resultado: A produção industrial não para de despencar em muitos países. Só na zona do euro registrou queda de 12% em dezembro de 2008, com relação a dezembro de 2007, segundo dados de hoje da agência Eurostat. O maior declínio desde que os registros começaram, em janeiro de 1990. É aí que tudo se complica ainda mais.

A BOA ATITUDE DE LULA

Felizmente, o presidente Lula criticou, ontem, durante o almoço com o presidente da Namíbia, Kifikepunye Pohamba, a volta do protecionismo dos mercados dos países ricos durante a crise financeira internacional. Segundo Lula, os países emergentes estão dando exemplo de que a saída para a crise é incrementar o comércio internacional.

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11 fev 2009

ATIVOS PODRES


PACOTE

Finalmente, o Tesouro americano anunciou, ontem, que deverá criar uma estrutura de fundos público-privados para retirar pelo menos 500 bilhões de dólares em ativos podres dos balanços dos bancos, incentivando investidores privados a participarem.

CONFUSO

A declaração do governo dos EUA, pelo que entendi, é que os recursos seriam usados para a COMPRA de ativos podres dos bancos para limpar os balanços deles. Fiquei confuso. O que significa comprar ativos podres? Ativo podre tem valor? Será comprado? Por quanto? Ou a notícia está errada ou o contribuinte é estúpido.

DOAÇÃO

Ora, quem compra alguma coisa quer tirar algum proveito da coisa comprada. É o que chamamos de taxa de retorno. Se o ativo adquirido está podre, nada mais óbvio de que não houve uma compra. Houve, isto sim, uma doação. Doação admitida pelos contribuintes, supostamente.

SALVAR O QUE RESTA

Nada tenho contra a prática de fazer doações. Eu mesmo, recentemente, contribui para os vizinhos catarinenses atingidos pelas enchentes. Portanto, quem deve analisar a proposta do governo americano é, exclusivamente, o contribuinte americano. Só ele deve saber o quanto está disposto a gastar para salvar o que pode e resta.

PROPOSTA

O problema, bem demonstrado pela queda dos índices das bolsas, ontem, é que não foi explicada a forma para que as doações sejam feitas. O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, informa que o plano se propõe a: resgatar o sistema financeiro, retomar o fluxo de crédito, sanear e fortalecer os bancos e prover ajuda para os proprietários de imóveis e pequenos negócios. Só não explicou a forma.

ALAVANCAGEM

O mercado já tem consciência de que muitos bancos americanos estão praticamente falidos. Somando tudo que têm a receber, por créditos concedidos, e comparando com a soma de todos os depósitos recebidos de seus correntistas e aplicadores vai faltar dinheiro. Muito dinheiro. Simplesmente porque a alavancagem foi excessiva.

O PAPEL DO CRÉDITO

Este comentário não objetiva assustar os leitores/assinantes. O meu propósito é só explicar a forma como vejo o grave problema que está acontecendo, que não é pouco. Atenção: não se trata de problema de crédito no Brasil. Longe disso. Principalmente, porque o crédito por aqui, como é sabido, sempre foi muito escasso. O drama todo é que os principais países de primeiro mundo (EUA e Europa) representam mais de 50% do PIB mundial, os quais sempre usaram muito credito para poder crescer. Sem eles funcionando bem, todas as economias entram em parafuso.

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10 fev 2009

DINHEIRO PÚBLICO


QUATRO MANEIRAS

O liberal Milton Friedman, que infelizmente é muito pouco citado por aqui onde a maioria prefere Fidel Castro, Che Guevara, Lula e Hugo Chávez, destacou quatro maneiras básicas de se gastar dinheiro, como bem lembra Rodrigo Constantino.

OBSERVAÇÕES À PARTE

Talvez, pelo forte receio reinante de que as idéias liberais de Friedman pudessem mexer com a cabeça do povo brasileiro, os políticos e a imprensa sempre acharam melhor enaltecer e promover as idéias comunistas-populistas. Observaçõs à parte, eis as quatro maneiras apontadas por Friedman:

PRIMEIRA

A primeira é quando gastamos o nosso próprio dinheiro com coisas particulares. Nesse caso há total preocupação com o custo e com o conteúdo do gasto. Trata-se, enfim, das compras que fazemos para nós mesmos.

SEGUNDA

A segunda forma é quando gastamos o nosso dinheiro com terceiros. Exemplo: quando compramos um presente para um amigo. Nesse caso, geralmente, a preocupação é maior com o custo e não com o conteúdo.

TERCEIRA

A terceira é quando o dinheiro dos outros é gasto com terceiros. É o caso, por exemplo, dos gastos governamentais. Aí não há preocupação nem com os custos nem com o conteúdo, pois a conta é paga pelos contribuintes.

QUARTA

A quarta forma é quando o dinheiro dos outros é gasto em benefício próprio. É o famoso desperdício do dinheiro público. A preocupação, no caso, é voltada, exclusivamente para o conteúdo. Para os custos, nada.

SÍNTESE

O que o governo está propondo, à sua maneira, para segurar as pontas da crise, é o aumento expressivo de gastos, ao invés de reduzi-los. A hora é de fazer reformas que representem menor custo para os contribuintes, gente. Observem que, mesmo com a estúpida carga tributária beirando 40% do PIB, o Brasil é deficitário. O enorme superavit primário não consegue cobrir o enorme gasto nominal. A orgia que está sendo promovida pelo governo, com dinheiro público, para com as Perefeituras, hoje, com foco nas eleiçoes de 2010, é o melhor exemplo de Friedman. E ele é o estúpido, por ser liberal. Pode?

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09 fev 2009

ENTRE A PREVISÃO E O AVISO


PREVISÕES

Fazer previsões muito alvissareiras sobre o comportamento da economia, no momento em que estamos diante de uma crise, cujas proporções ainda não são muito conhecidas, é uma temeridade. Qualquer numero que venha a ser projetado inspira sentimento de pouca ou nenhuma credibilidade.

NOVOS NÚMEROS

Diante do quadro atual, onde as tormentas estão dificultando uma visão mais clara do que está à nossa frente, e aos nossos lados, ficar imaginando que o PIB vai crescer neste ano é algo precipitado. Observem que, dia após dia, neste início de 2009, novos números cada vez menos alentadores vem sendo divulgados. O ultimo, por exemplo, já é de 1,7% de crescimento.

AVISO

É por isso que, desde que a crise mostrou suas garras, em meados de 2008, evito fazer previsões. Tenho me dedicado muito mais em dar avisos sobre a gravidade da crise e a certeza de que ela nos atingiria. Tais avisos foram, infelizmente, interpretados, muitas das vezes, como um excesso de pessimismo de minha parte, coisa que já mostra ter sido um equívoco dos meus críticos.

PROTEÇÃO

Gente, quando estamos em guerra, para usar um exemplo, é irrelevante prever a quantidade de bombas que serão lançadas sobre nossas cabeças. O importante é avisar quando estão sendo lançadas, para que todos se protejam. Dizer (ou escrever), portanto, que a crise é grave e que as conseqüências serão sérias, não se trata de fazer previsão, mas de dar avisos para que busquemos mais segurança.

BUNKER

O Brasil não precisa construir bunkers para se proteger desta guerra econômica. A melhor proteção, para crises do tipo, é baixar custos e fazer o máximo de investimentos possíveis. Assim, além de evitar maiores estragos, prepara o caminho para quando a crise arrefecer. E quem melhor estiver preparado, lá adiante, melhor vai poder tirar proveito.

REFORMAS

Pela enésima vez, sem medo de falsas interpretações, vou dar o velho aviso, que venho gritando há vários anos, sobre aquilo que o Brasil precisa fazer mas faz e não quer: precisamos de reformas na Constituição. Principalmente no que diz respeito ao Trabalho, Previdência, Tributos, Fiscal e Política.

DEMOCRACIA

Junto com as reformas, melhor seria se pudéssemos dotar o Brasil de uma efetiva democracia. Seria espetacular se houvesse uma forma de acabar, definitivamente, com a ditadura das corporações, que desde o período do Império sempre fizeram do o povo um refém de suas sátiras e do mais puro masoquismo. Mas aí é pedir demais, não?

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05 fev 2009

A GRANDE MENTIRA


CHE - O FILME

O ator Benicio del Toro, que fez o papel de Che Guevara no filme de Steven Soderbergh (em breve nos cinemas), é um grande mentiroso. Simplesmente quer dar a entender que não sabe quem realmente foi o infame personagem que representou.

GAGUEIRA

A prova disso está na gagueira que Benício demonstra nas entrevistas, quando lhe perguntam sobre as centenas de assassinatos e outras crueldades praticadas pelo serial killer, que não estão retratados no filme. Assustado, a única coisa que Benício del Toro responde é que não sabia disso.

NUNCA EXISTIU

É notório que as histórias de Hollywood são muitas vezes absurdas. E Che, o revolucionário romântico vivido por Benicio del Toro no filme nunca existiu, como bem escreve Guy Sorman, filósofo e economista francês, autor de Empire of Lies. Eis o que diz Guy:

FIÉIS DE KARL MARX

Che não era humanista. Nenhum líder comunista, de fato, já teve valores humanistas. Karl Marx certamente não era um. E seus fiéis: Stalin, Mao, Castro e Che não tinham respeito pela vida. Era preciso derramar sangue para que um mundo melhor fosse batizado (até parece coisa do Forum Social Mundial). Mao, quando criticado pela morte de milhões durante a Revolução Chinesa, disse simplesmente que inúmeros chineses morriam todos os dias.

ACABAR COM VIDAS

Da mesma forma, Che era capaz de matar e dar de ombros. Treinado como médico na Argentina, optou por acabar com vidas em vez de salvá-las. Depois de ter tomado o poder, Che causou a morte de cinco centenas de ?inimigos- da revolução, sem julgamento algum.Fidel Castro, que também não era humanista, tentou neutralizar Che, indicando-o como ministro da Indústria. Como era de se esperar, Che aplicou políticas soviéticas aos cubanos: a agricultura foi destruída e fábricas fantasmas pontilharam a paisagem. Ele não ligava para a economia de Cuba ou seu povo: seu objetivo era buscar a revolução por si só, seja lá o que isso queira dizer, como a arte pela arte.

SERIAL KILLER

Sem sua ideologia, Che não teria sido nada além do que outro assassino em série. A propaganda ideológica permitiu-lhe matar em números maiores do que qualquer -serial killer- poderia imaginar. E tudo em nome da Justiça. Há cinco séculos, Che provavelmente teria sido um desses padres/soldados exterminando nativos latino-americanos em nome de Deus. Em nome da história, Che, também, viu as mortes como uma ferramenta necessária para uma causa nobre.

CHE: A HISTÓRIA NÃO CONTADA

O verdadeiro Che merece ser mais bem conhecido. Quem sabe, se o filme for bem sucedido nas bilheterias, seus financiadores queiram filmar uma seqüência mais verdadeira. Certamente não faltaria material para uma fita mais real, com o título: Che, a História Não Contada.

PARA PIOR

Che, como muitos apaixonados imaginam, realmente transformou o mundo? A resposta é sim - mas para pior. A Cuba comunista que ele ajudou a moldar é um fracasso indiscutível e absoluto. Muito mais empobrecida e menos livre do que era antes de sua - liberação -. Apesar das reformas sociais que a esquerda gosta de alardear sobre Cuba, sua taxa de alfabetização era bem maior antes de Fidel Castro chegar ao poder. E o racismo contra a população negra era menos disseminado. De fato, os líderes da Cuba de hoje têm probabilidade muito maior de ser brancos do que nos tempos de Batista.

DITADURAS MILITARES

Mais além de Cuba, o mito de Che Guevara inspirou milhares de estudantes e ativistas por toda a América Latina a perder suas vidas em insensatas lutas de guerrilha. A esquerda, inspirada pelo canto de sereia de Che, escolheu a luta armada em vez das eleições. Ao fazê-lo, abriu caminho para ditaduras militares. A América Latina ainda não está curada dessas conseqüências inesperadas do guevarismo.

AMÉRICA DIVIDIDA

De fato, 50 anos depois da Revolução Cubana, a América Latina continua dividida. Os países que rejeitaram a mitologia de Che e escolheram o caminho da democracia e livre mercado, como Brasil, Peru e Chile estão melhores do que nunca: igualdade, liberdade e progresso econômico avançaram como um todo. Em contraste, os países que continuam nostálgicos pela causa de Che, como Venezuela, Equador e Bolívia, estão neste exato momento equilibrados à beira de uma guerra civil.

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