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134 anos de república. E daí? - 20.11.23


Por Paulo Rabello de Castro - publicado no jornal Estado de Minas

O feriado no meio da semana marcou mais um aniversário da república. O de número 134, desde a revolta militar no Rio de Janeiro, em 15 de novembro de 1889. Muitos aproveitaram para se refrescar do calor punitivo que afeta mais de metade da população brasileira. Mas não vi nenhuma notícia de quem tenha aproveitado para festejar o motivo do feriado. Nem mesmo nos quartéis. Se questionada, a população não saberia bem por que o General Deodoro teria ousado levantar sua espada contra o Imperador Dom Pedro II. Outros militares de alta patente transformaram o gesto do general numa insurreição contra a Monarquia. O povo, na impagável expressão do historiador José Murilo de Carvalho, a tudo assistiu “bestializado”. Fazendeiros descontentes com a liquidação final da escravatura pela Princesa Isabel, decretada no ano anterior, acharam que o ato de deposição da família real era “muito bem feito para esses abolicionistas”. O Imperador, que havia exercido o chamado Poder Moderador com absoluta lisura e mestria política desde sua precoce ascensão ao trono em 1841, fez seu último gesto de conciliação nacional e amor ao Brasil, não reprimindo os revoltosos – o que seria plausível, legítimo e até desejável para o País. Dom Pedro foi embarcado às pressas, com a família, para o exílio no exterior. Lá veio a falecer, poucos anos depois, e seus restos mortais foram, em seguida, trazidos para repousar na sua Cidade Imperial – Petrópolis (RJ) - de onde jamais deveria ter sido expulso.
O brasileiro vive até hoje as consequências do rancor pessoal de um general e do excesso de moderação do líder maior do Brasil no século 19. Ano passado, o acadêmico e pensador mineiro, Edmar Bacha, com mais dois pesquisadores, desmontou a tese vigente acerca da suposta “estagnação” do Brasil durante a fase imperial. Com novos dados pesquisados sobre a economia do Império, ficou patente que o alegado estancamento da renda per capita não passara de erro grosseiro de historiadores apressados. No Império, agora se sabe, a renda por habitante cresceu todos os anos, quase 1% em média, num ambiente  de progresso harmonioso, embora tendo o Brasil enfrentado guerras e revoltas, com destaque para a Guerra do Paraguai. Na república, desde 1889, o Brasil passou por uma montanha russa de altos e baixos, muito bem ilustrados no ótimo livro História da Autoestima Nacional do competente economista e empresário  Gastão Reis Rodrigues Pereira, cuja leitura é obrigatória para quem queira sacar o véu da ignorância que nos tem impedido de avaliar a extensão da troca infeliz, que um dia fizemos, de uma monarquia democrática para uma república demagógica, em função da quartelada do 15 de novembro. Nesse livro, Gastão Reis demole o mito do progresso da nossa cidadania efetiva no período republicano. Trata-se, no arguto dizer do autor, de estarmos,  hoje, sendo regidos por instituições públicas que convivem com um conceito de democracia que começa pelo voto, mas que termina no dia da eleição. Aqui o eleitor, depois de depositar seu voto, perde instantaneamente o controle do processo decisório da política, passando a estar à mercê da vontade dos políticos eleitos que, em geral, não respeitam nem consideram a vontade de seus eleitores. O resultado é um país que tem sido sempre dominado por facções de interesses paroquiais e que, nos últimos tempos, tem “evoluído” para facções armadas, com amplo controle territorial, de que é viva testemunha a população do Estado do Rio de Janeiro, agora enfrentando um segundo episódio de intervenção militar em sua (in)segurança pública.

Rui Barbosa, que muitos consideramos como nosso compatriota “mais inteligente”, morreu desencantado com a solução republicana que tanto defendera. O desapontamento vinha pelo fato de a república, cuja palavra significa “coisa (res) pública”, ou seja, a prevalência do interesse geral e público, já tinha virado, naquela altura, a “ré-publica” dos pedidos de favor, de subsídios e nomeações políticas, de apadrinhamentos e compadrios. Enfim, um consistório de réus, o oposto da ficha-limpa. Marcada, desde então, por grandes espasmos autoritários e recessões agudas, quando tudo caminha para trás, a república brasileira marcha com vigor para o pântano da estagnação econômica e moral. Os brasileiros têm, no seu imaginário, a ideia fixa de se mudar de país. Portanto, não é só o calor dos últimos dias que tem feito derreter nossas esperanças. As instituições desta república têm sido um maçarico contra nossa cidadania.


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Até que enfim! Estas informações são preciosas aos eleitores - 17.11.23


Por Percival Puggina

 

Ministros do STF gostam de se apresentar como membros do poder mais zeloso pelo bem do país e pela democracia. No entanto, abriram a torneira dos recursos públicos para o financiamento das campanhas eleitorais e partidos floresceram no deserto das ideias. No entanto, também, impediram a aplicação da cláusula de barreira quando ia começar a valer na eleição de 2006. 

 

Pela confluência desses dois vetores, o Congresso Nacional tem, hoje, 22 bancadas! Pode parecer inusitada a relação de causa e efeito, mas é também por eles que a sociedade custeia, hoje, quatro dezenas de ministérios! Atraídos por cargos, verbas públicas e espaços de poder, partidos sem rosto e com nomes impróprios se transformaram em estabelecimentos dedicados ao business da corretagem do apoio político-parlamentar ao governo.

 

Foi grotesco, foi indecoroso, mas todos pudemos assistir à forma como em poucas semanas, uma “consistente maioria” conservadora, ou liberal, ou de direita, ou de centro direita, eleita e proclamada como tal em 2022, bandeou-se de mala e cuia, como dizemos aqui no Rio Grande do Sul, para o calor e o sabor do assado governista, onde toda a picanha é consumida ali mesmo, na beira do fogo, se me faço entender.

 

Recentemente e em boa hora, foi criado um site que cidadãos de bem e os eleitores com cotidiana repulsa ao noticiário nacional deveriam manter registrado entre os favoritos no seu computador ou em lugar de fácil acesso de seu celular. Anote aí:

https://placarcongresso.com/pages/partidos.html

 

Essa verdadeira preciosidade presta serviço valioso à memória e à informação dos eleitores. Contém, por parlamentar, por partido e por estado da Federação, dados de assiduidade ao plenário e de votos concedidos ao governo e à oposição nas deliberações da Câmara dos Deputados.

 

O site é de muito fácil manuseio e consulta. Com dados de 83 deliberações em que o governo indicou à sua base orientação favorável ou desfavorável, esse site permite identificar a posição governista ou oposicionista de cada deputado. A partir desses registros, observa-se que dos 22 partidos, apenas dois: PL e Novo, foram decididamente oposicionistas! Todos os outros 20 deram mais votos ao governo do que à oposição. Entre os 513 deputados, não chegou a uma centena o número dos que votaram contra o governo em mais da metade dos projetos nos quais este indicava sua posição. Por fim, descobre-se que apenas as representações de três estados – Santa Catarina, Mato Grosso e Roraima – foram oposicionistas.

 

Maus políticos e maus partidos têm grande estima por eleitores desinformados e omissos. Prestigiam a ignorância e precisam da mediocridade.


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ACORDEM, PATRÍCIOS! - 16.11.23


Por Silvio Sibemberg 

 

Sou judeu e como todos, indignado com os acontecimentos. Por isso, essa carta aberta aos meus patrícios:

 

O que será que vocês, que não se manifestam por timidez, acomodação ou covardia esperam? Que se repita a Alemanha do Holocausto onde o silêncio de todos fez com que, de forma resignada, fossemos levados como gado para os campos de concentração? Onde esta o ativismo judeu de todos, que por estar pouco atuante é corresponsável pelo recrudescimento do antissemitismo? Vamos continuar calados como se não estivéssemos vendo e ouvindo manifestações contra nossa gente e Israel por todo o lado? Não basta se perguntar por que ou dizer a boca pequena que não esperava ter que passar por isso, temos que manifestar de todas as formas nossa inconformidade. Hoje, ao contrário dos anos quarenta do século passado, quando os alemães começaram a nos caçar, temos várias ferramentas disponíveis para nos fazer ouvir. A internet e as redes sociais estão aí para isso. Precisamos reunir os amigos não judeus e expor a verdade dos fatos. E deixá-los argumentar ao contrário.

 

Debater a exaustão se for o caso. Se não o demovermos de suas concepções sobre os acontecimentos, importante pelo menos suscitar duvidas nessas mentes impregnadas por narrativas defeituosas. Não podemos continuar fazendo de conta ou simplesmente deixar de ser “amigos” deles nas redes. Que sempre desconfiamos que eram antissemitas esperando ocasião propícia para botar as unhas de fora, desconfiamos e sabíamos. Nunca nos enganamos com esses falsos amigos que, entre eles, sempre nos trataram de forma jocosa e preconceituosa. Na nossa frente são uns anjos e fazem questão dizer que têm vários amigos judeus. Esses são os piores, sentem necessidade de justificar a honestidade e retidão de princípios como se isso fosse exceção. Ou aqueles que dizem que gostam de nós porque somos judeus “diferentes” dos outros. O que pensam dos outros esses hipócritas? Qual a diferença? Basta de mentiras seculares arraigadas na mente dessas pessoas sobre nós, como as versões sobre a traição e morte de Cristo que, embora desmistificadas recentemente pela Igreja católica, continuam vivas em muitas cabeças.

 

Precisamos exercer o “NEVER MORE” em sua plenitude. O NUNCA MAIS é agora, é hoje. É agir como o Estado de Israel está agindo, não deixar dúvidas de que nunca mais seremos vitimas de preconceitos e fanatismos antissemitas. E não adianta trocarmos mensagens e imagens entre nós sobre os acontecimentos, precisamos dar publicidade, nos expormos, enfim. Não podemos nos intimidar ou calar por estarmos momentaneamente governados por um regime de esquerda simpático a causa palestina e até mesmo ao grupo terrorista Hamas. Eles politizaram a vida de inocentes chacinados para defenderem sua ideologia comunista. Não nos enganemos, se o chefe de governo israelense fosse de esquerda também achariam um jeito de destilar seu veneno contra nós.

Sem essa, patrícios, de que são contra Netanyahu e por isso estão quietos. Acham que quando os fanáticos pintarem nossas casas com estrelas de Davi vão perguntar se somos de esquerda ou de direita ou depois, antes de trucidarem nossas famílias?

 

Nossas entidades recomendam não sairmos às ruas ostentando símbolos judeus, acham arriscado. Não seria mais perigoso nos escondermos embaixo da cama ou nos porões de nossas casas?


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A TRAIÇÃO POR UM PRATO DE LENTILHAS - 10.11.23


Por Percival Puggina

 

No ano que vem, quando você estiver pagando mais impostos e seu dinheiro acabando ainda mais cedo no final do mês, os preços subindo mais rapidamente e o desemprego voltando a crescer, lembre-se destes dias! Lembre-se de que fora alguns privilegiados que terão sido contemplados com as “exceções” e as “isenções” de praxe, o Senado aprovou uma Reforma Tributária que aumenta impostos para engrossar o caldo dos recursos destinados às facilidades e desperdícios do setor público.

 

Os votos que proporcionaram ao governo este novo saque aos frutos de seu trabalho, ao produto do suor de seu rosto, leitor, foram obtidos mediante pagamento. O preço da infidelidade foi um miserável prato de lentilha. Assim como Jacó comprou de Esaú a primogenitura por um prato de lentilhas, senadores vendem a honraria inerente à representação dos eleitores de seus estados por uma diretoria de empresa estatal, pela presidência de uma sinecura qualquer, pela liberação de emendas pix, por uma conversa ao pé do ouvido.

 

Saiba, porém, que a lustrosa experiência desses representantes infiéis assegura a eles que na próxima semana poucos ainda lembrarão desta deliberação e, menos ainda, de quem votou como e por quais razões. No próximo do pleito, dentro de três anos, as decisões de voto da imensa maioria dos eleitores serão tomadas ao sabor das emoções do momento. Apenas uns poucos chatos, nas redes sociais, com o mau hábito de apontar relações de causa e efeito, estarão lembrando dos dias em que o Senado aprovou a Reforma Tributária para infortúnio de dezenas de milhões e para bem de uns poucos privilegiados.

 

O Estado brasileiro, mau servidor, jamais corta em si mesmo! Estes 10 meses do governo Lula valem por uma aula dessa matéria. Durante todo esse tempo, em vez de governar, o governo exercitou seu principal talento: buscar novas fontes de custeio, como se houvesse outra que não fosse o bolso dos cidadãos.

 

Vale a comparação. Enquanto uma empresa, para aumentar seu faturamento e rentabilidade, busca mercados e inova sua linha de produtos, o “mercado” do Estado é o cidadão que trabalha e o ganho que ele obtém com isso. Enquanto a empresa reduz custos, o Estado eleva os seus. Nada simboliza isso tão bem quanto a já longa história das viagens de Lula. Elas me fazem lembrar uma frase que ouvi de alguém após uma reunião de presidentes de vários partidos: “Quanto menos relevante a tribo, mais enfeitado o cacique”.


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A NOITE DOS CRISTAIS - 09.11.23


Por Roberto Rachewsky

A noite dos cristais não é um baile de gala onde a elite da sociedade reúne-se em algum lugar chic para beber champanhe em taças Baccarat para falar de si e da vida alheia.

A noite dos cristais também não é uma conferência onde místicos reúnem-se com suas pedras de quartzo cristalino acreditando poder gerar energia cósmica para salvar o mundo do que eles acham que o mundo precisa ser salvo.

A noite dos cristais é o nome dado ao trágico e deliberado evento promovido por nazistas em diversas cidades da Alemanha com o propósito de intimidar a coletividade judaica através de atos brutais de vandalismo que destruíram propriedades, feriram e mataram alemães da coletividade judaica.

A noite dos cristais foi o marco, o símbolo maior do que seria a vida de um judeu na Alemanha de Hitler, uma vida marcada por perseguição, sofrimento e morte precoce, levadas a cabo de forma planejada, industrial, sistemática.

A noite dos cristais foi uma amostra grátis da barbárie que os nazistas presentearam seus conterrâneos judeus na antessala do que viria a ser conhecido por Holocausto.

Holocausto é o nome do maior programa de extermínio de um grupo social, étnico, cultural ou religioso da história da humanidade.

Há outros genocídios bárbaros na história dos povos, mas nenhum com o requinte e os resultados que envolveram o Holocausto.

Os crimes bárbaros perpetrados pelos nazistas que resultaram no Holocausto, não podem ser considerados apenas uma violência contra os judeus, eles foram e são crimes praticados contra a humanidade por quem, com o apoio do poder coercitivo do estado, submete cada indivíduo à perseguição, ao sofrimento e à morte precoce, seja por qual motivo for.

Os motivos para alguém praticar e levar a sociedade que governa a apoiá-lo na prática de crimes contra a humanidade são variados, mas todos eles são definitivamente irracionais.

Irracionais porque é irracional um ser humano abrir mão da sua capacidade de fazer política através do convencimento dos demais num exercício de persuasão, para adotar o uso da coerção para intimidar, até que, finalmente, passe a obrigar ou impedir a ação de seus opositores ou vítimas através do uso da força bruta.

Os judeus na Alemanha da noite dos cristais e depois do Holocausto foram vítimas, bodes expiatórios, de uma visão política irracional, fruto não apenas da mente psicótica de um lunático, mas da cultura de um povo educado e doutrinado para servir por dever e obedecer a autoridade que estivesse representando a sociedade.

O idealismo alemão é a fonte mais importante da cultura germânica que vai desde os imperativos categóricos de Kant até o ataque à objetividade da escola de Frankfurt.

Fichte, Hegel, Marx, Nietzsche, Heidegger, Horkheimer, Marcuse, Adorno são filósofos alemães que carregam figurativamente sobre seus ombros o racionalismo arrogante e o pragmatismo niilista que servem de base para o coletivismo estatista, ética que levada à política de forma extremada resulta em experiências drásticas como o nazismo de Hitler, mas também o comunismo de Lênin, Trotsky e Stalin.

Lenin, Trotsky e Stálin, impacientemente, subverteram uma coalizão de centro-esquerda, da qual participaram para instituir a democracia na Rússia, e convocaram os sovietes, comunistas como eles, para iniciar uma guerra civil e tomar pela força das armas o poder.

Venceram a guerra, suprimiram os direitos individuais, instauraram um regime de terror e se mantiveram no poder até que em 1991 a União Soviética e os países satélites por ela dominados entrarem em colapso por sua própria inviabilidade.

O resultado dessa experiência de engenharia social foi dramático, centenas de milhões de indivíduos perseguidos, submetidos ao sofrimento e à morte precoce, um crime contra a humanidade.

Percebam que com Hitler já foi diferente, o líder nazista subiu ao poder através de um processo democrático pelo qual a população alemã escolheu o partido nazista como força majoritária no parlamento. Aquela altura, Mein Kampf já não deixava dúvidas do que se passava na mente daquele que viria a se tornar o führer do terceiro Reich.

Outras experiências foram tentadas na Itália, na Espanha e no Japão enquanto o comunismo se desenrolava na União Soviética e o nazismo se instalava na Alemanha. Na Espanha, na Itália e no Japão, o coletivismo estatista ganhava contornos próprios formando um sistema social e político que passou a ser conhecido por fascismo. A guerra civil espanhola colocou fascistas lutando contra anarquistas e comunistas, italianos e japoneses formaram com os alemães o eixo do mal, crimes contra a humanidade foram praticados.

A noite dos cristais foi o primeiro ato de uma longa história de crimes contra a humanidade. Humanidade representada por cada judeu submetido à perseguição, ao sofrimento e à morte precoce.

Os judeus representaram a humanidade nesse trágico acontecimento mas isso não lhes dá o monopólio como vítimas da perseguição, do sofrimento e morte precoce impingida por seres irracionais que agem violentamente em nome de filosofias nefastas que democrática ou autocraticamente guiam as ações do estado.

A noite dos cristais transcende ao povo judeu.  A noite dos cristais foi um atentado não contra uma minoria étnica ou religiosa. A noite dos cristais foi uma manifestação irracional de coletivistas estatistas contra a menor minoria que há, o indivíduo.

Usar a noite dos cristais para denunciar atos arbitrários e autoritários por parte de segmentos da sociedade, sejam pessoas comuns ou agentes do estado, que não se importam com a preservação dos direitos individuais, do direito à liberdade de consciência, do direito à liberdade de se expressar o que a nossa consciência tiver pensado, não apenas é uma homenagem aos que foram humilhados e massacrados, como é uma necessidade para evitar que tais atos se repitam.

A noite dos cristais é uma referência inesquecível a guiar nossas consciências como seres humanos que somos para ficarmos alertas contra aqueles que querem controlar nossa mente e nosso corpo.

Não há forma mais justa de homenagear os mártires da noite dos cristais do que lembrar suas tragédias pessoais pensando que poderiam ser nossas tragédias.

A noite dos cristais é uma história de violação concreta, real, dos direitos individuais promovidos por fascistas de verdade.

Fascistas que suspenderam a liberdade de expressão através da censura, que confiscaram bens através da força bruta do estado, que suprimiram a livre iniciativa ao fecharem e destruírem o comércio e a indústria, desempregando empresários e trabalhadores para sustentá-los com a esmola dada pelo estado obtida através da coerção dos impostos cobrados.

Fascistas social-democratas que inventam símbolos para perverter a linguagem e destruir a capacidade cognitiva dos indivíduos na sociedade para que retornem aos tempos em que os seres humanos não dominavam o que nos permite pensar livremente, os conceitos que expressam a verdade sobre a realidade objetiva da qual fazemos parte.

A sociedade moderna e pós-moderna está vivendo tempos dramáticos. Não apenas por conta de uma pandemia mas pela disseminação de narrativas perniciosas que visam dar aos que defendem a liberdade individual a pecha de fascistas e aos que defendem o arbítrio e a tirania a imagem de defensores da vida.

O pior é que essa perversão é feita não por brutos irracionais, mas por integrantes da elite que se acha melhor do que o povo do qual se recusam a fazer parte e ao qual costumam chamar de gado ou simplesmente de fascistas.

A noite dos cristais é um acontecimento histórico, pertence à humanidade e à humanidade deve servir para demonstrar que a defesa da vida, da liberdade, da propriedade  e da busca da felicidade deve ser absoluta, não importa se a vítima da irracionalidade é um indivíduo que perdeu sua liberdade de expressar-se ou milhões de indivíduos que perderam suas vidas. A tirania sempre começa por algum lugar, impedi-la de prosperar, independentemente de como, onde, quando e porque ela ataca, é necessário, sendo irrelevante quais e quantas  são suas vítimas.

Nos últimos anos no Brasil temos experimentado as ideias que fundamentam o socialismo democrático.

Socialismo é o sistema político que representa a ética coletivista.

Democracia  é o sistema de escolha que justifica e dá legitimidade ao socialismo através do qual a maioria submete, pelo poder coercitivo do estado, a minoria, inclusive a menor minoria que há, o indivíduo.

O governo Bolsonaro, apesar dos pesares, fala e age em prol de uma democracia liberal onde os direitos individuais devem ser resgatados e protegidos da sanha das maiorias.

Essa é uma luta inédita depois de décadas de violações sistemáticas pelos governos social-democratas representados inclusive nos mandatos mais recentes daquele partido cleptocrata, o PT.

Chega a ser ridículo, pensando nos males que os petistas e seus cúmplices fizeram à sociedade brasileira, seja na educação, na saúde, na previdência, na economia, com mau governo e corrupção, ter gente preocupada com um presidente que toma leite, um chanceler que diz que o nacional socialismo é de esquerda, com um ministro da educação, que por acaso é judeu, fazer referência à noite dos cristais, mas acha normal quando o STF, o Congresso Nacional, governadores e prefeitos por todo o país resolvem suprimir direitos individuais baseando-se  na própria ignorância ou em algum projeto próprio que tem de se manterem no poder para limparem, como sempre fazem, os cofres sustentados pelos idiotas que os elegeram.

A noite dos cristais não pode ser esquecida por nenhum ser humano que queira viver como tal. Ela deve ser lembrada e invocada sempre que for preciso denunciar a ação violenta de quem quer que seja, mesmo que essa se dê contra um único indivíduo, independente do sexo, da religião, da cor, da situação socioeconômica.

A noite dos cristais deixou para a humanidade um legado que deve ser compreendido como a necessidade da luta permanente contra o arbítrio e o autoritarismo daqueles que iniciam o uso de coerção atentando contra a integridade física, contra a vida, contra a  liberdade, contra a propriedade, contra a privacidade de pessoas inocentes e pacíficas, em nome de ideologias niilistas e nefastas como temos visto acontecer pelo Brasil nesses tempos de pandemia.

Recorrer à noite dos cristais para denunciar que nossa liberdade está ameaçada na sociedade em que vivemos é como dizer que nossa vida está ameaçada na mina de carvão em que nos encontramos porque o canário que estava ali, preso na gaiola, morreu.


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FACA SEM CABO E SEM LÂMINA - 07.11.23


Por Percival Puggina
  
Conta-se que uma fábrica de facas reuniu seus executivos para estudar uma forma de se tornar mais competitiva. Era imperioso diminuir o custo de suas facas. No meio da reunião, um dos participantes, cogitando da hipótese de que o custo do cabo afetasse demasiadamente o custo da faca, perguntou: “Quanto custaria nossa faca, se fosse fabricada sem o cabo?”. Alguém da contabilidade fez as contas e concluiu que essa faca sem cabo custaria 80% da faca inteira. Um outro foi além: “E quanto custaria cada faca se a fizéssemos sem lâmina?”. Por curiosa que fosse a ideia de uma faca sem lâmina, a contabilidade fez os cálculos e informou que ela sairia por 60% de uma faca completa.
 
Por fim, a pergunta aparentemente mais delirante: “E se fizéssemos a faca sem lâmina e sem cabo, qual seria seu custo?” O chefe da contabilidade, calculadora em punho, informou, irritado, que aquela hipótese de faca, “essa coisa sem cabo e sem lâmina, custaria 40% da faca inteira”.
 
O diálogo serviu para mostrar a todos que os custos fixos, incluídos impostos e salários, inclusive o deles, chegava a 40% do preço da faca. Mesmo sem fazer nenhuma faca, ainda assim a fábrica tinha um gasto elevado. Se quisessem baixar o preço da faca teriam que reduzir as despesas da administração.
 
Isto é um aviso para todos nós e para o Brasil. Num processo de crescimento lento, ou recessivo, podem acontecer duas coisas e nenhuma é boa. Na primeira alternativa, os preços sobem porque os custos fixos têm que ser repartidos entre uma quantidade menor de produtos vendidos. Nós já tivemos isso: recessão e inflação. O que é uma loucura. Na segunda hipótese, o governo ou os cidadãos passam a importar de onde os produtos, sem inflação e sem recessão, custam menos. E aí a indústria nacional quebra.
 
O Estado brasileiro é uma fábrica de facas sem cabo e sem lâmina. Custa caríssimo para existir e sua entrega é desproporcional à sua despesa. O pouco que entrega é caro demais.
 
Por isso, as pessoas de bom senso insistem na necessidade de reforma administrativa para reduzir o tamanho do Estado e na redução do gasto público como forma de diminuir a carga tributária – sem dúvida o maior estímulo ao consumo e à produção. O baixo crescimento econômico é sinônimo de desemprego ou subemprego; sinônimo, também, de maior índice de pobreza, ou seja, de aumento do gasto público, situação em que uma faca, sem cabo e sem lâmina, na mão do Estado, corta nosso pescoço.


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